quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Notas Finais V – Dia do Perdão

Os dias e as noites continuam felizes por Deão: Deus e os aaacampákis apreciaram e viram que tudo era bom. Ao som da música, todos se levantam de rompante. Vá, todos começam a pensar levantar-se!!!
As rotinas estão absorvidas e tudo corre sobre carris. É a vantagem das rotinas. Apesar de tudo um novo dia é um dia novo, portador de novidades e de oportunidades de crescimento e aprendizagem. Como veremos. Como viveremos. Nesta sexta-feira, depois do pequeno-almoço, rezámos pelos Missionários e preparámo-nos de seguida para receber a nossa professora: a Marta Carvalho, psicóloga, mestranda em Ciências Religiosas e estudiosa da música, do violino e do canto lírico desde os seis anos. Esta chegou e trouxe-nos também a sua irmã, a Ana. São naturais e vivem em Barcelos; ambas invisuais, sobretudo a Marta que começou a cegar no fim do Secundário. A crónica poderá ser vista noutro lugar do blog (http://carmojovem.blogspot.com/2009/08/caminhar-e-nao-desistir-de-caminhar.html) Com palavras simples e sentidas que a todos tocaram a Marta partilhou connosco a sua vida e os seus sentimentos, a sua fé e a busca que faz em Igreja, as suas dúvidas e anseios, a sua solidão e a necessidade que sente de ter uma comunidade que a acolha e a faça crescer no amor; partilhou em especial aqueles sentimentos que lhe surgiram a partir do momento em que o seu problema visual aumentou. Falou-nos da sua falta de autonomia, da sua necessidade de amigos, da sua alegria em partilhar a sua vida, na sua vontade de viver... isto sem nunca, nunca desistir. E depois das palmas e das prendas ficaram connosco, em comunidade, partilhando sorrisos e cânticos, a refeição e oração e o carinho que lhes dispensámos. A parte da tarde foi para a Festa do Perdão e juntaram-se a nós os sacerdotes Pe. Agostinho Castro, Superior do Carmo de Braga donde alguns de nós procedemos e também membro da Comissão da Pastoral Juvenil da Ordem, e Pe. Joaquim Maciel, do Carmo de Viana do Castelo. A eles o nosso muito obrigado. A Festa, que é como quem diz, as confissões correram bem. Cada aaacampáki acorreu à confissão na alegria de sentir acolhido tal como é e de ser abraçado e perdoado pelo Pai. Rezámos e cantámos muito, enquanto as confissões decorreram. Foi uma tarde inteira, porque alguns nunca mais se calavam (e ainda dizem que os Padres falam muito!) Depois desta alegria, seguiu-se a piscina e o divertimento que lhe é intrínseco. A alegria atrai alegria, como é óbvio! O divertimento continuou nesta sexta-feira. Claro que nem tudo é divertir. Existe a Hora M, que é a hora do Chefe Costa e dos Chefes das aldeias e que eles cumprem como mandam as melhores Leis da Sapatilha; existe a Hora da Descasca, dedicada à batata; a Hora do talher, em que temos de varrer, cuidar e alindar o Refeitório como se fora para um casamento duma Princesa; e se o chefe se lembra inventa uma beata no chão…; e há a Hora do Silêncio; e a de preparar algo mais, ou isto e aquilo. Enfim, quase se pode dizer que existiu muito divertimento, sim, mas também muito compromisso e responsabilidade e que estes são pilares sólidos para o bom convívio comunitário carmelitano do AAAcampáki. Por isso: Alegria, sim; muito trabalho também. Fora isso, alegria, alegria que o Acampáki está a terminar e vai de dar mais um biracu na piscina. E chegou o jantar e jantámos. A comida era boa e todos comeram com um apetite de náufragos. Daquele apetite que assusta uma cozinheira habilitada a salvamentos de última hora, a recursos inesperados e a soluções in extremis. Enfim, terminado o jantar bem comido e melhor regado a água deslavada em Sunquik, alguém perguntou: E será que ainda temos fome para logo? Logo era o After-hours, um tempo quase para lá do tempo, em que nos dedicamos a saltar, a correr, a bailar e a arremedar ao som da música e do ondular da poeira do terreiro. Foi pela noite dentro, depois das 22:00h até às 23:00; ou um pouco mais além, valha a verdade, que no dia seguinte ainda tínhamos professores de gabarito para receber e ouvir!!!! O Diogo Limões é o DJ e os restantes abanámos o capacete como quase-doidos varridos (que são os que estão por varrer completamente!), ou melhor, como aaacampákis que querem atrasar o tempo impedindo que passe e o Acampáki termine. E há que dizer que esse-para- -além-do-tempo foi um tempo de alegria e abraços pela noite dentro. E há também que dizer, que alguns têm o capacete bem duro e pesado que é de fugir. Outros como o Frei João encostaram o capacete ao travesseiro queixando-se de constipação, mas o que ele não sabe mesmo é abaná-lo. E outros ainda abanam como se fosse essa a profissão de todos os dias, e se calhar será porque treino também é obrigação de profissional. E quando chegou a hora dos Patinhos, que sempre chega: Plim! Plim, vamos para os sacos onde esticamos o esqueleto e arrumamos o molho d’ossos. Alguns adormecem logo, deixando conversas a meio que retomam depois de passar pelas brasas sem que ninguém lhes pergunte nada. (Famoso ficou aquele que tendo adormecido a meio duma conversa, acordou quando sentiu um ronco mais alto. E como antes conversava e digitava SMS logo se pôs a concluir (sem olhar e a dormir, claro) a que faltava enviar e fora interrompida pela cortina do sono que entretanto caíra.) Sinais dos tempos. Bem, vamos dormir. E a crónica também. O dia de amanhã será longo, mas o fim do AAAcampáki é já ali.