Professores: D. Alice e Nuno Montargil
Secretária: Cristiane Macedo, 17 anos, Aldeia de Isidoro Bakanja
Foi cantando o cântico espiritual de S. João da Cruz, que recebemos alegremente a madrinha do Carmo Jovem, a D. Alice Montargil. Logo a sua energia e vivacidade nos começava a contagiar e a preparar o nosso espírito para uma aula que tinha como tema a questão: “Por que cabe o Carmo Jovem no seu coração?”.
Começámos então por conhecer um pouco da sua vida para percebermos como foi deixando espaço no seu coração para Ele. Nascida em Coimbra, mudou-se para Lisboa aos 9 anos. Estudou Ciências até ao antigo 7.º ano, contudo não continuou os estudos pois não aceitavam mulheres no curso de Teologia. Iniciou o seu percurso como catequista aos 17 anos na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, na qual também fez parte do secretariado.
Desde nova tinha um espírito exigente e tenta passar essa mensagem a todos os que ama. Quando se tratou de escolher o marido escolheu aquele que ainda hoje se mantém a seu lado, feliz, acompanhando-a sempre há já 46 anos. Foi viver para as Alhadas, Figueira da Foz. Mais uma paróquia que precisava de ser animada e dinamizada. Assim começou as equipas de casais e os cursos de cristandade na Figueira. Activa onde quer que esteja, mas sempre com a família em primeiro lugar. E assim foi referindo que a sua vida tem sido vivida em comunidade. E só em comunidade nos sentimos realizados e felizes, pois sozinhos não somos nada. Sozinhos não podemos amar o próximo, não podemos crescer no Amor. É necessário mobilizar os jovens, pois são eles que têm força para lutar e agarrar o amanhã.
Quando se refere a filhos diz: “Deus não me deu um filho… deu-me muitos!”, “Quando uma mulher engravida, no princípio, já tem o filho dentro de si e ainda não sabe. Comigo aconteceu o mesmo: fiquei grávida do Carmo Jovem e quando vos conheci, apaixonei-me! Eu amo-vos porque sou amada!”.
Ainda antes de nos conhecer, entrou para o Carmelo Secular de Coimbra e explicou-nos quem eram os carmelitas seculares: leigos que procuram viver fielmente a sua vocação de baptizados, pondo em prática o Evangelho com a ajuda da espiritualidade carmelita, constituindo-se em pequenas fraternidades. Justificando-se dizia: “A espiritualidade carmelita é a forma para o meu pé. Não queria deixar essa espiritualidade só para mim.”. E assim confirma-nos que há muita alegria onde há muita espiritualidade, algo que nós começamos a experimentar agora, neste início de vida.
E neste carminho construímos a nossa personalidade. Como dizia a nossa madrinha: “…o núcleo da personalidade está no coração. E como comunidade vocês têm-me dado muito! É muito bom viver em comunidade.”. E ainda bem que assim é, visto que recebemos e aprendemos muito com a nossa madrinha. Afinal, uma madrinha orienta parte do carminho dos afilhados! E que alma esta que se impressiona com a nossa generosidade e paciência: diz-nos que quando fomos de propósito às Alhadas durante a peregrinação a Fátima, já estava grávida de nós. Quando nos viu a ir embora, sentiu o coração cheio de ternura, estava a viajar connosco internamente. Apaixonou-se completamente por nós, amou o Carmo Jovem. Revela-nos ainda que quando fizemos a carminhada em Alhadas teve aquela reacção “a minha alma está parva!” porque ficou surpreendida ao ver tanta gente! Então aproveitou para nos deixar uma homenagem.
No entanto também se sente desafiada por nós: pela nossa radicalidade, entusiasmo e abertura aos outros. Pois as coisas são verdadeiras se são por dentro! Expressava com emoção: “Somos almas criadas para a grandeza!” e diz ainda que continuará em actividade quando entrar no céu: “O céu não é uma pasmaceira! Há sempre actividade. A Trindade é uma dinâmica.”.
No final desta conferência tão enriquecedora a nossa madrinha deixa-nos a resposta à questão que constituía o tema: a espiritualidade carmelita é a solução para o mundo de hoje, onde faltam os afectos. Nós devemos comunicar alegria, amor, amizade. Nós somos o futuro! O Carmelo é o coração! E como dizia Santa Teresinha “Quero passar o meu Céu fazendo bem na terra”.