terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pode chegar-se sem coração ao fim do mundo?

Tinha tudo para desistir, mas não desistiu! Formadores: Engenheiro Bento Amaral e Maria do Carmo
Secretário: Gil Gonçalves, 18 anos, Aldeia de São João da Cruz
Bento Amaral é um homem de 40 anos. Um dia, em 1994, teve um acidente na praia, o que mudou completamente a sua vida. Ficou tetraplégico até aos dias de hoje. Tudo parecia perdido. Apesar do seu estado, Bento nunca desistiu e lutou sempre para concretizar os seus sonhos. Na altura do acidente, era finalista de Engenharia Alimentar e apesar do seu estado, conseguiu concluir o Curso e foi para Bordéus onde se especializou em vinhos. Bento sofreu uma enorme evolução que nem os médicos esperavam. Hoje, tem uma notável amplitude de gestos podendo até virar páginas de jornais, comer sozinho e segurar em copos. Apesar disto, ainda está muito dependente, sendo necessário virá-lo na cama pelo menos três vezes por noite porque não se consegue virar sozinho. Não é autónomo. Devido a esta evolução, pôde dedicar-se ao desporto adaptado. Ainda que o desporto seja hoje secundário na sua vida, Bento ficou nos primeiros lugares em vários campeonatos mundiais de vela, o que o animou a participar nos Jogos Para-Olímpicos de Pequim em 2008. Mas não ficou tão bem classificado quanto um Campeão Mundial esperaria: 9.º lugar. A sua participação levou a que fosse condecorado pelo Presidente da República Cavaco Silva. (Embora, pessoalmente, ele alegue que a causa da condecoração é o seu exemplo de vida; e com ele é o que também nós ficaremos a crer.) Sete anos depois do acidente encontrou-se com Deus. Hoje, apesar de pequenino e limitado, é um grande Apóstolo! Também se destaca profissionalmente. Actualmente, é Professor Universitário na Escola de Biotecnologia da Universidade Católica no Porto e enólogo Chefe de Serviço de Prova do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, onde é Responsável pela Câmara de Provadores. Está onde nunca nos seus melhores dias de juventude chegou possível alcançar. Durante a conferência, afirmou que normalmente, quando acontece este tipo de acidentes, as pessoas costumam questionar-se sobre “Porquê eu?”. Não foi assim consigo. Um dia, ainda no início da recuperação, viu na televisão um documentário sobre a libertação dum campo de concentração na ex-Jugoslávia e apercebeu-se que os acidentes acontecem e que ele não estava na pior situação; e que até aí nunca se perguntara: por que esteve preso aquele homem que olha da foto para mim? Quanto a infra-estruturas de apoio a deficientes, Bento afirma que Portugal é um país bem servido mas nem sempre as pessoas cumprem as regras, como por exemplo, não estacionar num lugar reservado a deficientes. Actualmente, é casado com a Maria do Carmo. Conheceram-se num grupo de oração e reflexão cristãs, já Bento era tetraplégico, porque, defendem, não é o exterior da pessoa que mais interessa numa relação mas sim o seu mundo interior, e que se ambos gostarem do outro, ambos são felizes. E, de facto, ambos se dizem muito felizes. Apesar de desde sempre ser Católico, antes do acidente, Bento não era muito praticante. Era um Católico social. Agora, convicto e comprometido, sente a ajuda de Alguém superior e acredita cada vez mais na existência de Deus. A sua fé e alegria estende-as a outros partilhando-as numa CVX, numa CFX, num grupo de reflexão para Universitários, e no voluntariado. Com esta conferência, podemos aprender que nunca devemos perder o gosto pela vida mesmo que uma coisa muito má nos aconteça. Bento, que tinha tudo para desistir de viver, continuou a lutar pelos seus sonhos e hoje é um vencedor. Destacou-se tanto a nível profissional como desportivo, sendo hoje um homem casado e um homem feliz.