A água
Tal como o símbolo anterior, também a água é um símbolo de vida. Sem água não há vida. E sem o Espírito Santo a vida torna-se árida, seca… e parece-se mais com a morte do que com uma vida digna.
A riqueza simbólica da água aparece em muitas culturas e religiões. Mas no cristianismo é reforçada de modo especial pela experiência do baptismo. É que a água, no baptismo, torna-se sinal eficaz que não só recorda a acção de Deus mas que a torna realmente presente e actuante.
Há uma característica da água que pode ilustrar muito bem o estilo de actuação do Espírito Santo: a água tende a correr para baixo. Tal como o Espírito Santo. A água vem do céu e cai sobre a terra, entranhando-se sempre. Quando pensamos no Espírito Santo pensamos em adjectivos como “espiritual”, com algo que tem que ver com o “alto” e não com o baixo. Mas o Espírito é como a água; gosta de descer, sempre mais e mais até encontrar a vida dos crentes.
Essa vontade de descer, de vir ao nosso encontro, nota-se muito bem na Incarnação: O Espírito Santo virá sobre ti… (Lc 1,34). É uma alegria descobrirmos que o nosso Deus gosta de descer ao nosso encontro e não tem medo de tocar a nossa pequenez. O Espírito é como a água: revela a humildade de Deus que vai sempre para baixo; que se dobra para nós e se compadece. E Maria bem o reconhece: pôs os olhos na humildade da usa serva (Lc 1,4).
Se o Espírito é como a água, se a água é a matéria do baptismo, então o cristão deve tornar-se como água à sua volta.
Aqueles que foram baptizados no Espírito Santo devem tornar-se como a ága e correr sempre para baixo. Trata-se de ser homens e mulheres que amam o “baixo”, que não têm medo de descer e ir ao encontro daquelas situações mais “baixas”, mais degradadas, mas desumanas. Ser amigos de Deus significa amar o que Deus ama e amar como Deus ama: aquilo que é pequeno é frágil.
E assim, os cristãos tornam-se continuadores do estilo de Deus. Levam a sua Presença, o seu amor, àqueles irmãos e irmãs que têm uma existência mais “baixa”, com mais dificuldades.
O Espírito veio do céu ao nosso coração, descendo como a água; na medida em que O acolhemos, tornamo-nos fontes de água e de vida nova para aqueles que vamos encontrando.