O vinho
Os símbolos do Espírito que vimos até agora (vento, água, fogo) são elementos naturais. Mas a Bíblia e a Tradição viva da Igreja usam como símbolos outras realidades criadas pelo homem.
O Espírito é como um bom vinho; é algo que tem que ver com o sabor. O Espírito dá sabor e sentido à vida. Permite ao homem saborear a sua existência. O vinho é alimento que encoraja o coração (Salmo 102); consola nos momentos em que a vida perde sentido e sabor.
Há uma embriaguez que é sinal de loucura e de descontrole. Mas há uma suave embriaguez do Espírito que indica o triunfo da vida contra todas as formas de morte e de mal.
O Espírito é como o vinho, aquele vinho que nunca faltou nas bodas de Cana porque Jesus o tornou sempre melhor e mais abundante (Jo 2). Quando Jesus quis deixar no mundo um sinal da sua presença e do seu amor, além do pão, usou o vinho. Não quis usar apenas um alimento para a subsistência; quis também o vinho para viver na alegria. O Espírito não é só como o pão mas é como o vinho. É o que assegura na vida do homem a plenitude e a alegria.
Às vezes, esta dimensão de alegria contagiante da vida cristã fica um bocado esquecida. Se calhar gastamos demasiado tempo a ensinar na catequese a “portarmo-nos bem” e esquecemos que a vida no Espírito é alegria e entusiasmo. Quem nos vê deveria perceber imediatamente que a nossa vida, a vida no Espírito, é uma vida saborosa. O que, aliás, é o convite da Palavra de Deus: “Saboreai e vede como o Senhor é bom!” (Salmo 33)