[Nada]
Ó meu Deus,
Trindade de Amor no meio do Mundo,
Que a partir d´hoje possamos
(já que Tu és nosso Pai e Amigo)
perseverar a carminhar alegremente para Ti!
Consagra o mais profundo centro da nossa alma,
refugia-Te em nós,
encontra-Te connosco,
para que permaneçamos em Ti,
nos carminhos da Humanidade.
Ámen.
- O que esperas desta terceira peregrinação? – Nada.
«A ninguém te pareces desde que peregrinei contigo!» - foi com esta frase que na tarde do dia 30 de Abril abandonava Viana do Castelo rumo a Coimbra, para dar início à III Peregrinação a Pé a Fátima do Carmo Jovem. Esta expressão desde que tive oportunidade de a ler via e-mail não me escapou do pensamento. E a verdade é que esta me auxiliou ao longo destes três dias de jornada…
Nada foi o que consegui enunciar na noite do dia 30 de Abril, quando nos ajuntamos para iniciar a III Peregrinação a Pé, nada foi o que consegui titubear aos amigos durante o caminhar e nada foi o que consegui enunciar no último dia na eucaristia no Domus Carmeli, quando Frei João, pedia para descrever em breves palavras a III Peregrinação a Pé. Nada! Foi este conhecimento que consegui pronunciar. Pois este nada, estava no silêncio e não nas palavras. Nada era mais forte que o vivido tempo. Nada de silêncios e de quietudes de amigos que caminhavam ao meu lado. Nada num Tudo que envolveu os caminhos por onde andei… Nada me pareceu igual… desde o pensar ao querer falar e não conseguir...
O chão que pisara? Uma longa estrada por cessar… Neste cansar onde o nada me envolvia, pedia-lhe a graça de crescer na intimidade na relação com Ele, agradecida por me sentir no fogo do seu amor em que nada se espera a não ser a Sua presença...
No caminho? Enchia a minha alma (mochila não levava e a água iam-me dando) de um único absoluto desejo … fazer sempre e em tudo a Sua vontade… mas qual era a Sua vontade naqueles passos dados, naqueles caminhos em que a terna e luminosa noite nos pede para nada sermos a não ser o que somos diante da Sua presença? Como ser simples é difícil, na Sua presença tudo se transforma… quando assim nos predispomos a ser a procurar a simplicidade comovemo-nos de ternura, delicadeza de lágrimas pelo facto de nos sentirmos imensamente amados. Ó grande mistério que não se explica, que se vive e se manifesta na noite em que nos deixamos abraçar…
Amigos carmelitas, peregrinamos, levamos atrelados a nós o nosso dia-a-dia, a nossa família, mais e mais amigos, perdemo-nos no meio dos nossos nadas! Peregrinamos, levamos Deus connosco nos caminhos por onde «secamos» e onde nos enchemos sempre de uma forma alegre, jovial e cheia de «luz terna e suave que nos leva mais longe no meio da noite» …
Sentimos e vimos reflectidos nos outros o grande Amor de Deus. Tu foste Amor de Deus. Eu partilhei os passos deste amor a teu lado, a vosso lado, a Seu lado. Partilhamos vida! Foi o que aconteceu na nossa III Peregrinação a Pé a Fátima. E de facto foi possível dizer desde o íntimo do meu ser em silêncio a cada um de vós: «A ninguém te pareces desde que peregrinei contigo!» pois nada pereceu e perecerá igual na minha vida …
Amigos carmelitas: Alegremo-nos! Não estamos sozinhos neste caminho na fé.
Li nos vossos testemunhos o espelhar da vossa Alegre alma. Alegres pelo caminho percorrido. Mantende viva a memória dos caminhos que percorres-te mantende viva a «Chama de amor» que se alastrou em nós, mantende viva as pessoas que amamos e por mais caminhos que cruzemos elas permanecem no nosso coração, onde quer que estejamos… mantende vivo o Seu olhar de Amor… eis o essencial.
Dai à vossa vida uma poesia construtiva. Que nenhum de vós duvide da veracidade das palavras proclamadas pelo apóstolo São Paulo: «Andai sempre alegres!» e quando não dermos conta da Sua presença na alegria dos nossos passos, que encontremos «Amigos fortes de Deus», que nos delimitem a estrada da alegria para nos voltarmos a (re)encontrar!...
VERÓNICA PARENTE
Viana do Castelo – 32 anos